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  • Foto do escritorJose Amorim de Andrade

Terapia à vácuo com PICO

A cada momento surgem novos modelos de dispositivos baseados na tecnologia por pressão negativa – vácuo – focados no tratamento das feridas crônicas de difícil cicatrização. Inicialmente os modelos eram formatados para uso em ambiente hospitalar, exigindo assim a manutenção dos pacientes em regime de internação. Em alguns casos e, na prática, essa tem sido a alternativa possível. Entretanto, a evolução para a portabilidade dos novos equipamentos permitiriam que quantidade expressiva de pacientes pudesse ser desospitalizada sob acompanhamento em regime ambulatorial e até mesmo domiciliar. Vislumbra-se aí o significativo impacto que poderia ocorrer na redução dos custos desse procedimento. A eficiência da Terapia por Pressão Negativa no tratamento das feridas já está consistentemente demonstrada por seus efeitos benéficos no processo de cicatrização, pela seguintes razões:

  1. cria ambiente úmido,

  2. drena exsudatos excessivos,

  3. reduz o edema tecidual,

  4. auxilia na limpeza antibacteriana do leito,

  5. acelera a formação de tecido granulado ricamente vascularizado e

  6. aproxima os bordos das feridas

Riquíssima literatura está disponível para quem deseja se esmerar no conhecimento dessa tecnologia.

Na experiência que fomos adquirindo com essa tecnologia, o maior problema tem sido a aplicabilidade dos sistemas. O que quero dizer com isso? É extremamente difícil e complicado os caminhos para que um paciente e o médico tenha acesso aos produtos. E isso se aplica a todos os dispositivos de terapia à vácuo disponíveis em nosso mercado.

Se, por um lado, os produtos se tornam cada vez mais portáteis – que para mim significaria “desospitalizar” – as operadoras de saúde insistem em só autorizar o seu uso em pacientes internados. Por outro lado, o preço dos produtos para a clínica privada tem sido absolutamente proibitivos para os padrões habituais dos candidatos ao procedimento.

É uma lástima que um recurso tão valioso para nossa prática enfrente tantas dificuldades em sua implantação.

Nessa postagem vamos nos deter em um dispositivo de terapia por pressão negativa muito específico por suas características “minimalistas”: o PICO. Já há outros no mercado com perfil muito similar. Trata-se de um “dispositivo ultra portátil fabricado pela empresa Smith&Nephew , de utilização única e extremamente simples”, conforme divulgação institucional. Realmente se trata de algo muito prático, quando bem indicado.


Algumas características do produto:

  1. O PICO não possui reservatório em separado. O reservatório é a própria cobertura. Donde se infere que não deve ser indicado para feridas muito extensas ou feridas com exsudato muito abundante, o que poderia exaurir a sua capacidade de absorção.

  2. Funciona com duas baterias AA

  3. Dependendo das características da ferida pode permanecer por até 7 dias, desde que a cobertura não esteja saturada

  4. O manuseio é muito fácil para quem o aplica e prático para o paciente.

  5. Dotado de uma pequena bomba com pressão fixa de -80mmHg

  6. O curativo está conectado a esta bomba e é formatado em quatro camadas:

  7. camada de contato e adesivo de silicone que assegura a fixação e minimiza traumas ao aplicar e remover.

  8. Camada de ar – “Airlock” – que distribui a pressão negativa

  9. Uma camada absorvente

  10. Filme com alta taxa de transmissão de vapores úmidos



Estudo de caso:

Figura 1 – Exemplo de ferida em coto de amputação de pé diabético. Aspecto estacionado da evolução apesar dos curativos com alginato e compressão contra edema.

Figura 2 – Aplicação do curativo e sua fixação evitando qualquer ponto de vazamento. Observe-se a posição de saída do tubo de conexão com a bomba, distante do leito da ferida.

Figura 3 – Aspecto após 07 dias da aplicação. Observa-se a eficiência da pressão negativa pelo colabamento da cobertura sobre a área. Pequena quantidade de exsudato retido no interior da camada absorvente.


Figura 4 – Não foi necessário descontinuar a terapia compressiva que já vinha sendo aplicada em virtude do edema da insuficiência venosa crônica concomitante apresentada pelo paciente.

Figura 5 – Resultado após a primeira semana de tratamento.

Podemos concluir que a Terapia por Pressão Negativa das feridas crônicas representa um ganho extraordinário para a resolutividade na cicatrização. Cabe ao profissional selecionar criteriosamente cada caso e escolher o dispositivo mais apropriado que se mostre adequado para cada situação.

Oportunamente, estaremos comentando outras possibilidades disponíveis na aplicação da terapia por pressão negativa ou vácuo, salientando a ausência absoluta de conflito de interesses.

Neste blog nosso objetivo fundamental é o compartilhamento de experiências com vistas ao aprimoramento da atenção aos portadores de feridas crônicas de difícil cicatrização.

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